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Nova ameaça do vírus Zika para os bebês: microcefalia de apresentação tardia

Brenda Goodman
Notificação | 12 de agosto de 2016

Pesquisadores do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) fizeram uma descoberta surpreendente sobre a microcefalia, defeito congênito devastador causado pelo vírus Zika: pode haver comprometimento dos bebês na
 fase tardia da gestação e isto não ser aparente até meses após o nascimento.
Até agora os pesquisadores diziam que os bebês eram mais suscetíveis ao vírus quando a mãe fosse infectada no início da gestação. Os bebês com esse quadro devastador geralmente apresentam um tamanho anormal do crânio, muito pequeno em relação à face.
Mas nesta forma recém-descrita da microcefalia - denominada microcefalia de apresentação tardia – o bebê parece ter o crânio de tamanho normal ao nascimento, porém o seu cérebro comprometido parou de crescer. Com cerca de seis meses de idade, o bebê apresenta o quadro de microcefalia porque a dimensão do crânio não acompanha o crescimento normal, disse o Dr. William Dobyns, médico, professor de pediatria e neurologia no Seattle Children's Hospital. O Dr. Dobyns vem estudando as lesões cerebrais nos bebês infectados pelo vírus Zika.
Este quadro foi observado pelos pesquisadores do CDC acompanhando mais de 1.200 gestações de mulheres infectadas por Zika no Brasil, disse Ted Pestorius, auxiliar responsável do CDC pela resposta à epidemia de zika. Este achado ainda não foi publicado na literatura médica.
Anteriormente, os cientistas descreveram um defeito no cérebro do feto associado ao vírus que promovia  a retração do encéfalo e o colapso do crânio durante o período intrauterino. Relatos de casos publicados na literatura também descreveram um tipo de microcefalia de início tardio não detectável pela ultrassonografia, cujo diagnóstico porém se faz logo após o nascimento.
Pestorius compartilhou a descoberta com a imprensa que participava de uma coletiva de imprensa sobre zika promovida por oficiais do estado americano da Georgia, na última quarta-feira (10/08). O CDC não forneceu imediatamente detalhes adicionais sobre o estudo.
O Dr. Cesar Victora, médico epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, que faz parte da equipe que vem acompanhando os desfechos clínicos entre bebês nascidos de mulheres brasileiras infectadas por zika no Brasil, confirmou a ocorrência destes casos e afirmou que seus colegas já trataram alguns destes bebês.
Os bebês com microcefalia de apresentação tardia nasceram de mulheres infectadas pelo Zika durante o terceiro trimestre da gravidez, disse Pestorius.
O Dr. Dobyns afirmou ser cauteloso quanto a isso. "Relacionar a microcefalia de apresentação tardia à exposição no terceiro trimestre é muito prematuro", disse ele. Ele disse estar familiarizado com os dados não publicados, e que estes se baseiam em relativamente poucos casos.
Os pesquisadores acreditaram inicialmente que o vírus Zika fosse mais prejudicial quando a infecção acontece durante as primeiras semanas de gestação, durante a organogênese. A possibilidade do vírus poder continuar a causar lesões graves na fase mais tardia da gestação significa que os fetos podem ser vulneráveis ​​aos seus efeitos em qualquer momento durante o seu desenvolvimento.
No entanto, o Dr. Dobyns disse que com base na sua pesquisa, fica claro que os bebês infectados pelo Zika podem nascer com o crânio de tamanho normal e mesmo assim ter lesões cerebrais graves.
"Há muito com o que se preocupar ", disse ele.
Em seu encontro com a imprensa, Pestorius também atualizou os jornalistas sobre a investigação de um intrigante caso de transmissão não sexual do vírus Zika no estado de Utah, Estados Unidos, no qual um homem agonizante aparentemente transmitiu o vírus para o filho que cuidava dele.
Pestorius disse que o caso era "atípico", dado que o paciente tinha grande quantidade de vírus no seu organismo. Disse ainda que os pesquisadores avaliaram as várias maneiras pelas quais o filho poderia ter entrado em contato com as secreções fisiológicas de seu pai, e parece que o filho possa ter contraído o vírus enquanto enxugava as lágrimas do pai.
Ele disse que o CDC está considerando a necessidade de rever suas diretrizes para os profissionais de saúde e cuidadores de pacientes de zika.
FONTES:
Coletiva de imprensa, CDC.
Ted Pestorius, auxiliar responsável, National Center for Emerging and Zoonotic Infectious Diseases, CDC, Atlanta.
Dr. Cesar Victora, PhD, médico epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.
Dr. William Dobyns, médico professor de pediatria e neurologia, Seattle Children’s Hospital.

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