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“Subfinanciamento coloca saúde pública em risco”, diz ex-secretário de Curitiba.




Adriano Massuda - que hoje é pesquisador de Harvard - participou do Brazil Conference, em Boston, na mesma mesa que o ministro Ricardo Barros

Adriano Massuda, quando era secretario da Saúde de Curitiba Brunno Covello/Gazeta do Povo.
O ex-secretário de Saúde de Curitiba, Adriano Massuda, acendeu, durante o Brazil Conference, as discussões em torno do impacto que o estabelecimento de um teto para os gastos públicos pode causar no sistema de saúde. O médico – que atualmente é pesquisador convidado em Harvard – foi mediador de um debate, na mesma mesa que o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Para Massuda, o engessamento dos investimentos deve provocar a “redução drástica” de índices de saúde.

“Esse subfinanciamento público coloca em risco todos os ganhos que a gente conseguiu. Temos uma cobertura vacinal de mais de 95% da população, temos uma atenção primária consolidada. Temos o maior sistema de transplantes do mundo. Tudo isso passa a ser ameaçado”, disse o ex-secretário de Curitiba.
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Um dos reflexos do investimento em saúde apontado por Massuda diz respeito à mortalidade infantil. Em Curitiba, o índice caiu de 9,5 óbitos por mil nascidos, para 7,7 óbitos por mil nascidos – o menor patamar aferido na capital. “Países que adotaram essas medidas de austeridade, como a Grécia, houve um efeito devastador na saúde. O primeiro índice a aumentar foi o de mortalidade”, apontou.
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Em uma de suas intervenções, o ex-secretário mencionou o exemplo de Curitiba. Em 2014, o orçamento de saúde da capital paranaense era de R$ 1,4 bilhão, mesmo volume financeiro do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. “Hoje, 46% dos gastos em saúde vão para o serviço público, que atende 75% da população. É uma disparidade”, apontou.
Em pergunta direcionada ao ministro Ricardo Barros, Massuda questionou sobre as perspectivas do país diante deste congelamento, ao que Barros respondeu apontando que o desafio seria “fazer mais com os mesmos recursos”. Em sua fala de maior repercussão, no entanto, Barros disse considerar “um desperdício” a realização de exames que não apontam doenças. Para Massuda, o ministro “errou no parâmetro”.
“Todos concordam com evitar desperdícios. Agora, o exame faz parte de uma ação de rotina, essencial ao processo. [O exame] não é parâmetro para aferir qualidade ou desperdício [de recursos]. Ele errou no parâmetro”, disse o ex-secretário.
Pós-doutorado
Desde agosto de 2016, Adriano Massuda é pesquisador visitante, convidado pela Scholl os Public Health, da Harvard University. O status da pesquisa do ex-secretário equivale a um pós-doutorado no Brasil. Massuda estuda o sistema de financiamento e de saúde brasileiro, comparando-o ao de outros países.
“Eles [os pesquisadores de Harvard] têm muito interesse em conhecer o sistema brasileiro, o acesso publico ampliado que se dá, o Programa Saúde da Família”, disse.

10 de abril de 2017

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