Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
Em virtude da crescente demanda da população
brasileira, por meio das Conferências Nacionais de Saúde e das recomendações da
Organização Mundial da Saúde (OMS) aos Estados membros para formulação de
políticas visando a integração de sistemas médicos complexos e recursos
terapêuticos (também chamados de Medicina Tradicional e
Complementar/Alternativa MT/MCA ou Práticas Integrativas e
Complementares) aos Sistemas Oficiais de Saúde, além da necessidade
de normatização das experiências existentes no SUS, o Ministério da Saúde
aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
no SUS, contemplando as áreas de homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia,
medicina tradicional chinesa/acupuntura, medicina antroposófica e termalismo
social – crenoterapia, promovendo a institucionalização destas práticas no
Sistema Único de Saúde (SUS).
A Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares tem como objetivos:
1. Incorporar e implementar as Práticas Integrativas e Complementares no
SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da
saúde, com ênfase na atenção básica, voltada ao cuidado continuado, humanizado
e integral em saúde;
2. Contribuir ao aumento da resolubilidade do Sistema e ampliação do
acesso à PNPIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso;
3. Promover a racionalização das ações de saúde, estimulando
alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento
sustentável de comunidades e;
4. Estimular as ações referentes ao controle/participação social,
promovendo o envolvimento responsável e continuado dos usuários, gestores e
trabalhadores nas diferentes instâncias de efetivação das políticas de saúde.
Entre suas diretrizes, destacam-se:
1. Estruturação e fortalecimento da atenção em PIC no SUS;
2. Desenvolvimento de estratégias de qualificação em PIC para
profissionais o SUS, em conformidade com os princípios e diretrizes
estabelecidos para educação permanente;
3. Divulgação e informação dos conhecimentos básicos da PIC para
profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando as
metodologias participativas e o saber popular e tradicional;
4. Estímulo às ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o
desenvolvimento integral das ações;
5. Fortalecimento da participação social;
6. Provimento do acesso a medicamentos homeopáticos e fitoterápicos na
perspectiva da ampliação da produção pública, assegurando as especificidades da
assistência farmacêutica nestes âmbitos na regulamentação sanitária;
7. Garantia do acesso aos demais insumos estratégicos da PNPIC, com
qualidade e segurança das ações;
8. Incentivo à pesquisa em PIC com vistas ao aprimoramento da atenção à
saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança dos cuidados
prestados;
9. Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avaliação da PIC, para
instrumentalização de processos de gestão;
10. Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências da
PIC nos campos da atenção, da educação permanente e da pesquisa em saúde;
11. Garantia do monitoramento da qualidade dos fitoterápicos pelo
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
O campo das práticas
integrativas e complementares contempla sistemas médicos complexos e recursos
terapêuticos, os quais são também denominados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) de medicina tradicional e complementar/alternativa (MT/MCA). Tais
sistemas e recursos envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos
naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias
eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do
vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a
sociedade. Outros pontos compartilhados pelas diversas abordagens abrangidas
nesse campo são a visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção global
do cuidado humano, especialmente do autocuidado.
Com a publicação da Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC), a homeopatia, as
plantas medicinais e fitoterápicas, a medicina tradicional chinesa/acupuntura,
a medicina antroposófica e o termalismo social-crenoterapia foram
institucionalizados no Sistema Único de Saúde (SUS).
Todas as ações decorrentes das políticas nacionais voltadas à
integração das práticas integrativas e complementares ao SUS, principalmente
quando se utilizam plantas medicinais e derivados como recurso terapêutico,
perpassam pelo entendimento e valorização da multiculturalidade e interculturalidade,
por gestores e profissionais de saúde, para maior equidade e integralidade da
atenção.
Interculturalidade pode ser entendida como modo de
coexistência no qual os indivíduos, grupos e instituições, com características
culturais e posições diferentes, convivem e interagem de forma aberta,
inclusiva, horizontal, respeitosa e se reforçam mutuamente, em um contexto
compartilhado.
Assim, a Política Nacional de Atenção Básica preconiza que
esse nível de atenção considera o sujeito em sua singularidade e inserção
sociocultural, buscando produzir a atenção integral.
Na relação intercultural, busca-se favorecer o entendimento
de pessoas com culturas diferentes, em que a escuta e o enriquecimento dos
diversos espaços de relação são facilitados e promovidos visando ao
fortalecimento da identidade própria, do autocuidado, da autoestima, da
valoração da diversidade e das diferenças, além de proporcionar o
desenvolvimento de uma consciência de interdependência para o benefício e
desenvolvimento comum.
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